quarta-feira, 15 de junho de 2011

Não és os Outros


Não há de te salvar o que deixaram
Escrito aqueles que o teu medo implora;
Não és os outros e encontras-te agora
No meio do labirinto que tramaram
Teus passos.
Não te salva a agonia ...
De Jesus ou de Sócrates
ou o forte Siddharta de ouro
que aceitou a morte
Naquele jardim, ao declinar o dia.
Também é pó cada palavra escrita
Por tua mão ou o verbo pronunciado
Pela boca.
Não há pena no Fado
E a noite de Deus é infinita.
Tua matéria é o tempo, o incessante Tempo.
E és cada solitário instante.

(Não és os Outros - Jorge Luis Borges, in "A Moeda de Ferro" Tradução de Fernando Pinto do Amaral)

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