sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Repouso em aparência




No dia em que eu estiver no meu leito de morte
Faísca que se apagou ...
Acaricia ainda uma vez meus cabelos
Com tua mão bem-amada
Antes que devolvam à terra
O que deve voltar à terra,
Pousa sobre minha boca que amaste
Ainda um beijo.
Mas não esqueças: no esquife estrangeiro
Eu só repouso em aparência
Porque em ti minha vida se refugiou
E agora sou toda tua (Hino à morte)
Quem pois, dominado por ti, poderá escapar,
Se sentiu teu grave olhar voltado para ele?
Eu não fugirei, se me apanhas
Jamais crerei que só fazes destruir!
Entretanto - tu também, mereces ser vivida!
Claro, não és um espectro da noite
Vens lembrar tua força ao espírito:
É o combate que engrandece os maiores,
O combate como derradeiro alvo, por caminhos
Por isso, se só podes me ofertar, ó dor,
Em lugar de felicidade e do prazer, a verdadeira grandeza,
Vem lutar comigo, num corpo a corpo,
Vem lutar comigo, na vida e na morte
Mergulha no fundo do coração,
Mergulha no mais profundo da vida,
Leva para longe o sonho da felicidade e da ilusão
Leva para longe o que não merecia um infindo esforço.
Nunca triunfará verdadeiramente sobre o homem autêntico
Mesmo que ele te ofereça teu peito nu
Mesmo que se aniquilasse, desaparecesse na noite!
És apenas um pedestal para a grandeza do espírito!


(Lou Salomé)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Morte Absoluta

Foto: Maria Perez (1000 imagens)


Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão – felizes! – num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."

Morrer mais completamente ainda,
– Sem deixar sequer esse nome.

(Manuel Bandeira)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Desafio ...

Isadora Duncan


Viver em sociedade é um desafio, porque ficamos presos a determinadas normas que nos obrigam a seguir regras limitadoras do nosso ser e do nosso não-ser.

Quero dizer com isso que temos, no minimo, duas personalidades. A objetiva que todas ao nosso redor conhece. e a subjetiva, em alguns momentos, está se mostra tão misteriosa que se perguntarmos. Quem somos? Não saberemos ao certo!! Mas de uma coisa eu tenho certeza, devemos ser autênticos sempre, as pessoas precisam nos aceitar pelo que somos e não pelo que parecemos ser. Aqui reside o eterno conflito entre a aparência x essência.

E você... o acha disso?

Que desafio hein?

" Nunca sofra por não ser uma coisa, ou por sê-la! "


(Clarice Lispector)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Pai ...seu aniversário...

Hector Carybé


Se alguém quer matar-me de amor
Que me mate no Estácio
Bem no compasso, bem junto ao passo
Do passista da escola de samba
Do Largo do Estácio
O Estácio acalma o sentido dos erros que eu faço
Trago não traço, faço não caço
O amor da morena maldita do Largo do Estácio
Fico manso, amanso a dor
Holliday é um dia de paz
Solto o ódio, mato o amor


(Luiz Melodia)
PS.: sempre falava que gostava dessa música, nos deixou antes dessa data, receba meus bons pensamentos e carinho...