segunda-feira, 19 de abril de 2010

Malandro não cai, nem escorrega ...



Cena da peça "Ópera do Malandro" Chico Buarque


"Meu terno branco
linho S 120
foi cortado com requinte pelo meu alfaiate inglês.
Camisa de seda pura
pescoço desocupado
bigode bem aparado
um lado de cada vez.
Pisante de duas cores
mas feito sob encomenda
para que a oposição entenda que a maré pra mim tá boa.
Não é à toa
que uso esse chapéu quebrado
para defender o telhado da friagem da garoa.
Chego assim mais esticado do que coro de cuíca,
que a primeira impressão é que fica
e eu chego querendo ficar.
Não sou malandro, porque malandro é de morte,
estou no mundo por esporte
só quero o leite e o mel.
Não sou malandro mas tenho o meu santo forte,
sou um otário com sorte,
sou zona norte,
sou Vila Isabel."

(Pedro Amorim )

PS.: poema no disco "A Alegria Continua" - Elton Medeiros, Mariana Moraes e Zé Renato)
Para meu Pai que não era malandro, mas boêmio e usou terno branco de linho... que me apresentou a musica, a noite e seus encantos!

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