
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Aceitarás?

segunda-feira, 26 de maio de 2008
Volta prá casa, fica comigo ...
domingo, 25 de maio de 2008
Alguns abraços

Preciso de alguns abraços,
aqueles sinceros, de amigo
que me queira muito.
Abraços que acalentem
os sonhos que ainda possuo.
Aqueles que possam dar-me
desejo de prosseguir.
Aqueles que com toques,
despertem meus sentimentos,
façam-me voltar
a ser uma mulher doce,
a fêmea, a amante
amorosa e destemida,
como as dos contos quixotescos
de Lancelot e Güinevère
Napoleão e Josefina...
(Marlene A A Reis)
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Gata todo dia
terça-feira, 20 de maio de 2008
Com encantos vieste ...
Bolero Blues
Mesmo que os cantores sejam falsos como eu
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Não vou voar não ...
sábado, 17 de maio de 2008
Tô esperando pra ver se você vem

Tava precisando de uma voz no ouvido
Tava imaginando teu olhar mirando o meu
Tava desejando um beijo em teu umbigo
Tá legal, falei o que não devia
Me dei mal, amanheceu um novo dia,
Já esqueci, pensei em ti decidi:
Tô aqui esperando pra ver se você vem.
Deixa de lado essa tristeza.
Beija e afasta esse tormento
Deita nesse amor desarrumado
Chega de perder tanto tempo
Eu Te Amo

Ainda tem o seu perfume

Entre por essa porta agora
e diga que me adora
Você tem meia hora
pra mudar a minha vida
Vem vambora
que o que você demora
é o que o tempo leva
Ainda tem o seu perfume pela casa
ainda tem você na sala
porque meu coração dispara
quando tem o seu cheiro
dentro de um livro“ Dentro da noite veloz”
Ainda tem o seu perfume pela casa
ainda tem você na sala
porque meu coração dispara
quando tem o seu cheiro
dentro de um livro
na “Cinza das horas”
(Adriana Calcanhotto)
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Vermelho

Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
ogrito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:nada tenho mais a perder.
(Clarice Lispector)
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Suas palavras ...
Vida louca
Preciso me encontrar

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver...
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar...
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...
(Candeia)
Conheci os céus pelos olhos seus
E eu vou lembrar você...
De um jeito que não sai

terça-feira, 13 de maio de 2008
Quero ...
Quero ver o sol atrás do muro
Quero um refúgio que seja seguro
Uma nuvem branca sem pó, nem fumaça
Quero um mundo feito sem porta ou vidraça
Quero uma estrada que leve à verdade
Quero a floresta em lugar da cidade
Uma estrela pura de ar respirável
Quero um lago limpo de água potável
Quero voar de mãos dadas com você
Ganhar o espaço em bolhas de sabão
Escorregar pelas cachoeiras
Pintar o mundo de arco-íris
Quero rodar nas asas do girassol
Fazer cristais com gotas de orvalho
Cobrir de flores campos de aço
Beijar de leve a face da lua...
(Thomas Roth)
Amar
Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? Amar e esquecer ,amar e malamar, amar, desamar, amar? Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar?Amar o que o mar traz à praia, e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
(Carlos Drummond)
Por não estarem distraídos ...

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
(Clarice Lispector)
Serenata

Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
(Cecília Meireles)
sábado, 10 de maio de 2008
Os Três Mal-Amados ...
Para Ana Luiza...

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
Quem sobe nos ares não fica no chão,
É uma grande pena que não se possa
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
Não sei se brinco, não sei se estudo,
Mas não consegui entender ainda
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Só eu sei ...

Fala me de amor ...

Tu as le tropique
Dans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torpor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole
Dançar dans mes bras
Vem, moleque me dizer
Onde é que está
Ton soleil, ta braise
Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda
(Chico Buarque)
Resposta ao tempo

Batidas na porta da frente
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento
Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Porque sabe passar
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Livre prá Viver
Viver é bom demais
Um girassol da cor do seu cabelo

Por mais um dia
Teu sonho não acabou ...

Hoje a minha pele já não tem cor
Vivo a minha vida seja onde for
Hoje entrei na dança e não vou sair
Vem que eu sou criança não sei fingir
Eu preciso, eu preciso de você
Ah!
Eu preciso, eu preciso, eu preciso muito de você
Lá onde eu estive o sonho acabou
Cá onde eu te encontro só começou
Lá colhi uma estrela pra te trazer
Bebe o brilho dela até entender
Que eu preciso...
Só feche o seu livro quem já aprendeu
Só peça outro amor quem já deu o seu
Quem não soube a sombra, não sabe a luz
Vem não perde o amor de quem te conduz
Eu preciso...
Nós precisamos, precisamos sim
Você de mim, eu de você.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
O Violinista

Talvez por isso ele tenha lhe chamado a atenção. Era violinista. E tocava de olhos fechados, sem mirar por um instante sequer a partitura aberta à sua frente. As pálpebras sobre os olhos cerrados se movimentavam em compasso e harmonia, as mãos enormes e morenas tinham uma delicadeza sem cabimento por parecerem tão viris aos olhos da menina. Mãos que seguravam o instrumento com a suavidade que ela imaginava-o segurando os seus quadris, em seus devaneios constantes desde que o vira pela primeira vez na escola de música.
Observava sua boca carnuda, que permanecia entreaberta, os músculos tesos da face, onde apoiava o violino, o cabelo castanho desalinhado, que comprido tocava os ombros levemente, a curva do braço em arco, onde se via a penugem clara e as veias azuladas. Tudo naquele homem era movimento, poesia e música. Tudo naquele homem fazia Clara desmanchar-se.
Desde que o viu começou a ter um prazer indescritível em freqüentar as aulas teóricas. Duas vezes por semana. Descobriu aquela cadeira no fundo da classe e há meses só se sentava nela, chegando a ponto de estar presente meia hora mais cedo para que tivesse seu lugar garantido em seu camarote na sala lotada.
E dali se perdia. Conhecia cada poro de seu objeto de desejo, cada gesto, cada mecha de seu cabelo, cada movimentar de sua boca. Inebriada de sonhos e desejos os cinqüenta minutos de aula voavam.
Sua aula terminava mais cedo que a dele. Por isso nunca o encontrava nos corredores, ou nas portas das classes. A visão que tinha dele era apenas a emoldurada pelo grosso vidro quadrado, que separava o sonho do real, suas mãos da pele dele. Um quadro onde ele, móvel e lindo, habitava.
Por meses chegava em casa depois de observa-lo sentindo o corpo em fogo. Demorava no banho, a água quente descendo convidativa pelo seu corpo e imaginava cenas absolutamente impublicáveis entre os dois. Desejo. Paixão. As mãos enormes agarrando seu corpo. O braço forte em arco, porém agora, no lugar do violino, sua cintura. Movimentos suaves, bruscos, rítmicos, frenéticos, até que um tempo depois, junto com o gozo, surgia em sua mente as notas doídas do violino. Ela se desmanchando, jogada no chão do box, entre soluços e gemidos solitários, juntando os cacos de seus delírios.
Sua vida ultimamente se resumia ao prazer daqueles cinqüenta minutos olhando o deus. Antes de entrar na aula seu coração disparava, as mãos suavam frio, sua boca tremia. Sentia-se uma noiva entrando na nave da igreja, tamanha sua ansiedade descontrolada. Obsessão seria a palavra correta. Mas ela não sabia disso. Julgava ama-lo.
Sempre foi muito tímida, caseira e pudica. Praticamente virgem, se não fosse pela sua primeira vez desastrada com seu primeiro e único namorado, um menino magro, de aparelho nos dentes e óculos de aros grossos, alguns anos atrás.
Foi estudar música para aprender lidar um pouco melhor com a timidez, sair de casa, fazer amigos. Mas isso não aconteceu. Não fez amigos. Não ficou menos tímida. Continuava trancada em casa. Um espírito solitário, encerrado em si mesmo. Só sentia-se livre com sua flauta encostada nos lábios. Aí sua alma fluía e ela se soltava. Ótima aluna. Menos nas aulas teóricas.
Não sabia sequer o nome dele e jamais teria coragem de perguntar para alguém. Muito simples perguntar: quem é o cara? Mas não para ela. Falar com ele então...JAMAIS. Ela sentia vertigens só de imaginar o ato. Clara era muito, mas muito complicada mesmo.
Mas algo acontecia dentro dela. Clara queria aquele homem. Após mais uns tantos meses de preparo, decidiu um dia espera-lo até o fim de sua aula e puxar um assunto, perguntar a marca de seu violino, ou as horas talvez. Ela queria ouvir sua voz. Fazê-lo perceber sua existência.
No dia H, Clara pensou na roupa, no cabelo, no perfume, nas frases, no tom de sua voz, no sorriso que iria usar. Depois pensou no beijo, no cabelo dele roçando seus seios, nas mãos deslizando no seu corpo, na respiração ofegante e libidinosa dos dois entrelaçados no lençol branco de sua cama.
Terminou sua aula e postou-se corajosamente frente à escola de música, encostada à parede, perto da porta. Aguardou por quase meia hora com o estômago em frangalhos, a garganta seca, as pernas bambas, as mãos suadas, que mal amparavam a alça da bolsa numa mão e a flauta na outra.
Então, como que em câmara lenta, o viu projetando o corpo tão sonhado para fora da porta. Fora da moldura de vidro era ainda mais lindo. Alto, muito alto. A pele acetinada, morena. Os cabelos soltos. Sentiu seu corpo todo se retrair, como num espasmo. No meio de uma multidão de alunos que saíam apressados, Clara quase perdeu seu objeto de vista. Mas não. Viu-o em seguida encostado à parede, do lado oposto da que ela estava. Ela, a porta, ele.
Olhava-o de canto, sem parar de tremer, sem um mínimo movimento voluntário, rezando para todos os santos para que conseguisse. Que calmamente dirigisse a ele uma palavra que fosse. Só uma. A palavra que seria a primeira de muitas. Aquela que definiria sua vida.
E num rompante que quase travou todos os seus músculos, deu três passos na direção dele e articulou quase com desespero as primeiras palavras: “...que horas...”, embora tenha observado que ele não trazia relógio no pulso. No momento a seguir em que ela viu seus olhos pousados nela e que sua linda boca começava a articular algo, um vento varreu tudo. Inesperadamente uma mulher correu na direção dele, vinda do outro lado da rua e arremessou seu corpo de curvas perfeitas de encontro ao corpo dele, que correspondeu com um riso escancarado ao abraço sôfrego. Rodopiaram no ar, grudados, onde os cabelos longos dos dois se misturavam e onde bocas indefinidas e línguas molhadas passeavam, ardendo em desejo. Um balé de braços, pernas, beijos, cabelos, mãos, olhares e afagos.
E Clara ali, parada, a um metro da cena, com os olhos injetados e a boca crispada, imóvel. O momento descongelou-se quando ela ainda pôde ver o casal caminhando pela calçada, na direção oposta da dela, abraçados, rindo e falando alto, loucos de amor, totalmente indiferentes à presença da menina. E ainda olhou a bunda perfeita da moça rebolando em sua calça jeans muito justa.
Clara então, livrando-se da imobilidade correu, correu muito, em prantos, rasgando aos pedaços a saia nova que comprara para o encontro, tirando da boca, com as costas das mãos, o batom que pela primeira vez passara, depois de muitos anos. Naquele momento seu castelo de cristal quebrou-se. Não tinha equilíbrio para entender que aquela paixão platônica seria superada, pois como só nós sabemos, ela tinha uma cabeça muito tumultuada e não encarava as coisas como a maioria das pessoas ditas normais. Era uma obcecada.
Até que na rua transversal muito movimentada, a alguns quarteirões da escola de música, atravessando-a desarvorada, sem olhar para os lados, tomada de pânico, foi atropelada por uma moto potente. Caída na rua, ainda viva, com sua flauta na mão e um filete de sangue na boca, ainda pôde olhar, dentro de um carro estacionado, os olhos assustados de seu amor e da menina que estava com ele pousados nos dela, morrendo.
domingo, 4 de maio de 2008
Amor Bastante

sábado, 3 de maio de 2008
Sim, me leva para sempre ...
Cores de Almodóvar

Tive sim, tive um grande Amor ...

Amo tua voz e tua cor
Não quero ficar na tua vida
Sabiá

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De um palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queira
E anunciar o dia
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Não sou mais triste
E a nova vida já vai chegar
E a solidão vai se acabar
E a solidão vai se acabar
(Tom Jobim/Chico Buarque)
O Amor e o seu tempo

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.
(Carlos Drummond de Andrade)
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Mais um lamento

(Eu to pensando em você - Wilson Simoninha)
Acaso
